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Combater a crise da habitação - Resumo do Plano “Construir Portugal

 

O plano português “Construir Portugal” aborda a crise da habitação dando prioridade à habitação a preços acessíveis, à reclassificação dos terrenos e à sustentabilidade ambiental. A iniciativa capacita os governos locais para criarem comunidades equilibradas e habitáveis, salvaguardando simultaneamente os recursos naturais.

By LiveAlgarve on 10th January 2025 - 3-4 m. reading time 

O governo português está a dar prioridade à acessibilidade e sustentabilidade da habitação através do seu plano “Construir Portugal”. Esta iniciativa dá ênfase à construção de habitação pública e a preços acessíveis, mantendo simultaneamente as protecções ambientais e agrícolas. O programa aborda uma crise de oferta de habitação, com novas políticas que permitem a reclassificação de terrenos para fins residenciais sob diretrizes rigorosas.

Compreender o alcance da crise da habitação

O mercado imobiliário português tem enfrentado desafios significativos, com um declínio notável nas taxas de construção nas últimas duas décadas. Em 2002, o país construiu tantas casas num único mês como construiu em meio ano até 2022. Este défice conduziu a um aumento dos custos e a uma disponibilidade limitada, deixando muitas famílias com dificuldades em encontrar uma habitação adequada às suas possibilidades financeiras.

O plano “Construir Portugal” responde a esta situação através de uma estratégia global que visa a acessibilidade e a disponibilidade, aumentando os terrenos destinados à construção de habitação e assegurando o controlo dos custos.

O papel da reclassificação do solo no desenvolvimento urbano

No centro do plano está um quadro jurídico que facilita a reclassificação do solo para fins urbanos. Em condições específicas, os municípios podem reclassificar terrenos para satisfazer necessidades residenciais. Esta medida é crucial para fazer face à escassez de habitação, mas é objeto de uma regulamentação rigorosa para manter o equilíbrio e a sustentabilidade.

Os principais requisitos para a reclassificação incluem:

  1. Assegurar o alinhamento com as zonas urbanas existentes para evitar a expansão.
  2. Garantir que pelo menos 70% da área total de construção acima do solo seja afetada a habitação pública ou de valor moderado.
  3. Proteção de terrenos ecologicamente sensíveis e de valor agrícola, proibindo a construção nessas zonas.

O quadro também apoia o desenvolvimento de infra-estruturas, espaços verdes e equipamentos públicos para garantir que as novas zonas habitacionais sejam habitáveis e bem integradas.

O que é habitação de valor moderado?

Uma caraterística notável do plano é a ênfase na “habitação de valor moderado”. Esta categoria foi concebida para servir as famílias de rendimentos médios que, muitas vezes, se encontram entre a elegibilidade para a habitação social e a capacidade financeira para pagar propriedades a preços de mercado.

Os preços das habitações de valor moderado baseiam-se nos valores medianos de venda, com um limite máximo de 125% do preço mediano da habitação a nível municipal ou até 225% do valor mediano a nível nacional. Desta forma, garante-se que a habitação continua a ser acessível, ao mesmo tempo que tem um preço adequado aos contextos locais.

Importância dos municípios

A aplicação do plano depende em grande medida da participação dos municípios. Os conselhos locais são encarregados de propor reclassificações de terrenos, que devem ser aprovadas pelas assembleias municipais. Este processo assegura uma abordagem transparente e democrática que tem em conta as necessidades e prioridades locais.

Além disso, os municípios estão habilitados a implementar estratégias de habitação que se alinham com os objectivos regionais e nacionais, assegurando um esforço de colaboração entre os diferentes níveis de governo.

Salvaguardas ambientais e de segurança

O plano sublinha a importância da sustentabilidade, mantendo uma proteção rigorosa das zonas de importância ecológica e agrícola. As terras classificadas como Reserva Ecológica Nacional ou Reserva Agrícola Nacional estão excluídas do desenvolvimento urbano. Além disso, as áreas propensas a inundações ou outros riscos naturais são salvaguardadas para evitar pôr em perigo pessoas e bens.

Este equilíbrio garante que, enquanto as necessidades de habitação são satisfeitas, o património natural e a resiliência ambiental de Portugal permanecem intactos.

Implicações e Objectivos

As alterações legislativas que apoiam o plano “Construir Portugal” incluem disposições relativas a processos acelerados para permitir que os projectos de habitação prossigam sem atrasos desnecessários. No entanto, estes são cuidadosamente calibrados para garantir o cumprimento de critérios ambientais, sociais e económicos.

Até 31 de dezembro de 2024, os municípios foram obrigados a atualizar os seus planos de ordenamento do território de acordo com os novos regulamentos. Se não o fizerem, as áreas com potencial de urbanização serão automaticamente suspensas, o que realça a urgência e a importância do cumprimento dos objectivos do plano.

Resumo

O plano português “Construir Portugal” é uma resposta corajosa a uma crise crescente de habitação, combinando urgência com planeamento a longo prazo. Dando prioridade à habitação a preços acessíveis, capacitando os governos locais e salvaguardando os valores ambientais, o plano tem como objetivo remodelar o panorama da habitação para melhor.

À medida que esta iniciativa se desenvolve, abre um precedente para a forma como os países podem enfrentar os desafios da habitação de uma forma equitativa, sustentável e inclusiva.

Fonte: https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/decreto-lei/117-2024-901535572

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Sergey Malinka
Sergey Malinka Property Consultant
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